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A noite foi de “Clube do Bolinha” e, assim como atemporal quadrinho da Luluzinha, a entrada das mulheres ficou proibida. Mas muita calma nessa hora, o bom motivo foi pra lá de bom: estimular com que os homens comecem a falar sobre suas emoções entre eles e a questionar “pré- conceitos” sobre o que é ser homem. Ah, vai dizer que você – ainda como mulher – nunca ouviu alguma dessas frases abaixo?
“Engole o choro e vira homem.” Por quê?
“Homem tem que ser o pegador.” Por quê?
“Menino veste azul e menina veste rosa.” Por quê?
“Deixa de ser viadinho.” Por quê?
“Homem é quem manda na casa”. Por quê?
“Por que?” Duas palavrinhas que abriram um “tantão” de questões entre, aproximadamente, 20 pessoas do sexo masculino que participaram do encontro mediado por João Victor e Ivan Petry. O start do tema foi o documentário “A masculinidade em questão: ser homem te define?”, dirigido pelo João. “Tive o imenso prazer de poder conversar com essas pessoas sobre o que significa ser homem, compartilhando algumas ideias e também aprendendo sobre as diferentes formas de masculinidade com cada uma delas. Momentos assim me fazem acreditar em um futuro muito bonito, construído a partir de pequenas ações guiadas pelo nosso coração”, ressaltou ele.
Para além de ser coisa de homem, falar de si, das vulnerabilidades, dificuldade, de um dia ruim é, na verdade, coisa de gente, de ser humano. E faz um bem-estar danado. Mas o que parece ser simples ainda é um bloqueio entre eles. “Historicamente o homem tem uma história de repressão, de reprimir o que sente, reprimi a si próprio para ter uma postura de herói, defensor da família. É uma cultura de patriarcado que a gente tem no mundo inteiro. Fez sentindo em um período, mas o tempo mudou e essa cultura precisa mudar”, destaca Ivan Petry, mediador do debate.
Quem sofre com tudo isso? O próprio homem e com consequências pesadas. As emoções reprimidas não somem. “ Homem morre mais cedo, porque psicossomatiza tudo, fica mais doente. Além disso gerar o feminicídio, ou seja, ele vai pra briga, pois o que a gente não consegue agregar das nossas ‘sombras’ a gente coloca para fora, projeta nos outros”, explica Petry, que há mais de 3 anos trabalha com desenvolvimento humano com atendimentos individuais e em grupo. Ele também é coach, facilitador, administrador, produtor multimídia e cofundador da Pyx Network.
“Muitas às vezes a gente nem pensa nisso, mas é uma questão de saúde pública também. A taxa de suicídio entre os homens é de até 7 vezes maior entre homens do que entre mulheres, precisamos conversar sobre isso”, destaca João. E ai, cuidar das emoções é ou não coisa de homem?
“Se agimos, de qualquer maneira – ainda que pequena –, não precisamos esperar por algum grande futuro utópico. O futuro é uma infinita sucessão de presentes, e viver agora como nós acreditamos que seres humanos devem viver, desafiando tudo que de mal existe ao nosso redor, é em si uma maravilhosa vitória.” – Howard Zinn
Novos olhares
Aquelas frases ali acima são, na verdade, crenças fortes que a gente convive quase diariamente – às vezes com todas elas ao mesmo tempo! Acaba sendo um ensinamento passado de pai para filho, que vai perpetuando ao longo de gerações. “É um processo de desconstrução, cada homem vive internamente isso”, completa Petry. Conversar sobre o assunto é a principal ferramenta e foi assim que aconteceu na roda de conversa realizada no Hub.
João e Ivan também revelam que, até mesmo para eles, ambos participantes de outras rodas sobre o tema masculinidade, ainda há dificuldade em se abrirem com um amigo, mostrar vulnerabilidade no trabalho ou qualquer atitude relacionada a essas quebras de paradigmas. “Geralmente homem se abre com mulher, com a irmã, mãe ou a namorada. Eu tenho várias amigas e vejo que é mais fácil me abrir com elas do que mesmo com um amigo de infância, por exemplo,”, fala Ivan.
Ou seja, todo mundo ainda está em fase de aprendizado, o que é normal sentir certo desconforto, timidez e até dificuldade em mudar esse conceito. É um processo, cada passo é importante. Por isso, a dupla aposta em outras edições da roda de conversa ou mesmo na criação uma rede apoio que se ajude, com a participação apenas de homens, para ir construindo esses novos olhares. “Ainda mais aqui no Impact Hub, que é um ambiente profissional se torna importante, pois não é muito comum atividades dessas no trabalho,”, destaca Ivan.
Para se inspirar, assista o documentário “A masculinidade em questão: ser homem te define?”, disponível aqui.
Documentário
Despretensiosamente, João Victor acordou um dia com a questão sobre “ser homem” na cabeça e resolveu fazer um registro audiovisual sobre assunto. A inquietação do universitário do segundo período de Relações Públicas da UEL virou um documentário em 2017. Além de um trabalho durante o seu segundo ano de curso, o filme tem feito parte de vários encontros e debates sobre o tema.
E você, tem interesse entre entrar na roda do papo de homem? Envia um e-mail para gente ([email protected]) com seus contatos que avisamos do próximo encontro.