Protagonismo feminino: mulheres criam iniciativas para Igualdade de Gênero no ‘Impact Women Global’ 2018
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Marias, Julianas, Anas, Reginas, Lucianas. Mesmo como a referência no plural, com os nomes idênticos, com desejos e batalhas similares, cada uma dessas mulheres traz a sua peculiaridade.
Estimular e respeitar essa diversidade foi o assunto reforçado na edição 2018 do “Impact Women”, realizado em Curitiba (PR) e em outras cinco cidades pelo mundo, no último dia 26 de julho. O evento apresentou estratégias para mulheres começarem a colocar em prática e fomentar a “Igualdade de Gênero”, tema do Mash Up inspirado no 5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.
Mesmo com uma temática de luta e mobilização, a noite do “Impact Women” teve um tom de leveza e descontração onde as participantes ficaram à vontade para trocar experiências, conversar e tirar dúvidas. Aproximadamente 80 mulheres da capital paranaense e Região participaram do Mash Up na sede do Impact Hub Curitiba, além de outras presentes nas cidades Monterrey ( México), San Jose ( Costa Rica), San Salvador ( San Salvador) e São Paulo (SP), onde a atividade foi realizada simultaneamente.
A abertura contou com uma transmissão via internet da capital paulista, local onde Christiane Pinto, recrutadora da Google, contou sua trajetória pessoal e profissional até chegar em uma das principais empresas de tecnologia do mundo. Atualmente ela é representante do Black Googler Network, movimento em prol ao empoderamento negro, especialmente no ambiente corporativo.
“Graças aos meus pais, eu tive a oportunidade estudar em boas escolas, ingressar em uma das universidades de referência da América Latina, a Universidade de São Paulo, de aprender inglês e me profissionalizar. Mais da metade de população brasileira, especialmente negra, não tem esse acesso. Precisamos abrir mais as portas para elas”, destacou a convidada.
Oportunidade e preparação das mulheres foram assuntos de destaque, reforçando o lema “Lugar de mulher é onde ela quiser”, viralizado na atualidade, especialmente pelas redes sociais. As palestrantes enfatizaram o respeito à diversidade, considerando as características biológicas e psicológicas femininas e, principalmente, defenderam a necessidade da igualdade de acesso entre os gêneros. “Mais que falar, estamos aqui para ouvir vocês, mulheres, de uma forma que possamos nos unir em torno dessa causa”, afirmou Valquiria Rumor, articuladora do Impact Women no Impact Hub Curitiba.
Mulheres, vocês estão facilitando a chegada desse novo mundo?
A pergunta é da palestrante Daviane Chemin, presidente da AbrhPR, que iniciou sua apresentação reforçando que as mulheres podem dar o primeiro passo despegando de velhos padrões de conceito e de comportamento. “Precisamos mandar embora o mundo do ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’, que é o dos jogos de poder, da manipulação e da glória para poucos. Quem nunca teve um perfil desses em sua organização?”, disse.
Ela destacou questões culturais, como a mulher receber, ao longo da vida, vários “nãos”; ter acesso à suas emoções, pois “homem não chora”; e ter sido incentivada a apoiar, como diferenciais que ajudam a desenvolver a habilidade de agir em meio à diversidade. “Está no DNA da mulher a competência de encorajar, de lidar com o diverso. Precisamos cada vez mais trabalhar essa potencialidade”, ressalta.
Daviane Chemin também destacou a mudança de paradigma relacionado à liderança, cada vez mais assumida por mulheres. Para ela, o mercado está substituindo profissionais com um perfil controlador, desconfiado e medroso, por um modelo onde o líder é um incentivador da autonomia, da autenticidade e do empoderamento de pessoas para que elas possam agir por conta própria.
“O julgamento é uma afirmação vivida como verdade absoluta, mas não existe verdade absoluta, as pessoas podem se conhecer e mudar o tempo todo. É importante o profissional se auto descobrir, especialmente as mulheres, saber as suas sombras e as suas lutas para descobrir a riqueza e o potencial para ser trabalhado. É preciso se autoconhecer para se superar”, sugere.
Queda na liderança feminina: o Networking pode ajudar
Um alerta que precisa de ação para mudar. O Brasil teve uma queda no posicionamento de liderança feminina nos últimos anos – caiu do 81º para o 95º, conforme dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial. “Precisamos de mais mulheres em altos cargos de liderança, estimular as políticas de diversidade nas organizações e ter ao menos 30% dos cargos de liderança com mulheres para termos voz”, destacou a palestrante Regina Arns, presidente do MEX Brasil e Diretora Executiva da Lapidus Gestão Empresarial.
Ela destaca que empresas que apostaram na liderança feminina, com duas ou três mulheres na equipe, proporcionaram retornos como 53% de aumento na rentabilidade de capital, 68% a mais do retorno no capital investido e aumento nas vendas. “Estamos caminhando, mas ainda falta. As mulheres líderes foram melhores em competências como condução de resultados, relacionamento, integridade, honestidade e tomada de iniciativa. Mas se somarmos homens e mulheres o resultados serão ainda mais significativos”, destaca ela.
Por que a diversidade importa? Mulheres líderes aumentam os índices de responsabilidade social e filantropia corporativa, além do destaque feminino na inovação. “Isso é pesquisa, são números revelando”, ressalta Regina Arns. Ela destaca que mesmo com todas as mudanças, nos últimos 10 anos houve apenas 1,3% de aumento das mulheres em altos cargos de lideranças no Brasil. “97% dessas vagas ainda são ocupadas por homens”.
A alternativa para reverter esse quadro, na opinião de Regina Arms, é desenvolver melhor o Networking. “Hoje isso é uma competência que as mulheres pouco se dedicam, precisamos nos articular mais e desenvolver essa ferramenta. Muito tem se investido e discutido sobre Networking nas organizações, os homens já fazem isso há mais tempo ”, destaca.
Empoderamento requer união
A maior disruptura que as mulheres precisam ousar é acabar com a competição entre si e abrir mais espaço para cooperação, na opinião da facilitadora Susan Albertoni, fundadora da Confraria das Mulheres Poderosas. Para ela, é necessário desenvolver mais a sororidade. “Precisamos a aprender a construir juntas. É preciso romper uma insegurança e voltar a uma ancestralidade onde as mulheres juntas mudaram o mundo. Já mudamos o mundo uma vez, precisamos fazer de novo”, destaca.
Susan conduziu uma atividade prática, onde as participantes foram divididas em temas, compartilharam experiências e sugeriram ideias, em prol da “Igualdade de Gênero”, que foram afixadas em painéis.
“Precisamos competir menos e compartilhar a nossa força pois aí ela floresce”, reforça Susan. Apoio em outras mulheres foi o que a empreendedora e técnica de trânsito, Maria Noemi Grohos de 43 anos, foi buscar no “Impact Women”. Ela abriu uma empresa para ajudar mulheres habilitadas a superar o medo de dirigir, uma atividade iniciada para incentivar uma amiga. “A ideia foi dela, mas eu neguei no começo. Porém, depois que vi como minha ajuda deu um ‘up’ na vida da minha amiga, resolvi ajudar outras mulheres. Hoje estou aqui para buscar apoio a ideias que não tenho conseguido tirar do papel”, destacou.
Para a universitária Giovanna Silveira de 20 anos, o evento “acendeu várias luzes na cabeça”, mesmo para quem já é uma militante do empoderamento feminino. A estudante participa do Movimento Estudantil. “Não tinha me dado conta que ainda falta representatividade das mulheres nas lideranças. E se tivermos pelo menos 30% de mulheres nesses cargos, como foi sugerido, uma pode ir puxando a outra”, disse.
Foi só o começo: ainda terão mais encontros!
Além da mobilização e sensibilização de participantes, o “Impact Women” tem como objetivo sugerir estratégias para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com foco nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, de forma a trazer mais impacto social de maneira global por meio de soluções relacionada a promoção da “Igualdade de Gênero”.
“A ideia é acelerar empresas do Brasil inteiro, cada uma na sua expertise, de forma que a gente possa mandar as melhores sugestões para Genebra, para concorrer com as propostas no evento da ONU”, destaca Marcos Schwartz, do Impact Hub Curitiba.
Para isso, nos próximos 12 meses, outras edições do “Impact Women” na capital paranaense terão como a proposta discutir ideias e propor alternativas. Marcos relembra que na última ação da ONU relacionada ao PNUD, mais de um milhão de pessoas na África, América Latina e no Leste Europeu foram impactadas por estratégias sugeridas por 19 países participantes. “Foram 500 candidatos com propostas e o Brasil esteve representado por 50 finalistas. Para a próxima edição, vamos tentar contribuir com sugestões da nossa Região do Paraná”, destaca.
Se você tem boas ideias e quer discutir mais sobre “Igualdade de Gênero”, acompanhe o blog do Impact Hub Curitiba e nossas redes sociais que, em breve, vamos divulgar as próximas datas do evento.
A sua participação é muito importante para que possamos gerar ações de impacto pelo mundo!