No Epicentro Global das Ações pelos ODS
5 de outubro de 2020Edição do Climathon Curitiba leva ideias para o desafio mundial
11 de dezembro de 2020Empresas como Google e Microsoft já perceberam que a diversidade aumenta o desempenho das empresas. Contratações de pessoas de outras culturas, raças e profissionais portadores de necessidades especiais (PCD – Pessoa Com Deficiência, nomenclatura definida pela ONU, considerando primeiro a pessoa, depois sua característica) fazem parte de sua política de recursos humanos. Histórias como de Jessica Rafuse (paraplégica), Swetha Machanavajhala (deficiente auditivo), Amos Miller (deficiente visual) e Chris Schlechty (distrofia muscular) demonstram como contribuem para o desempenho da Microsoft e como a empresa contribui para o propósito pessoal de cada um em suas trajetórias, numa via de duas mãos.
Muitas outras empresas já perceberam algumas habilidades excepcionais nos indivíduos PCD’s que pessoas comuns não possuem: os autistas são dotados de uma atenção aos detalhes fora do comum levando-os a um altíssimo desempenho em desenvolvimento de programas, por exemplo; o deficiente auditivo possui foco e atenção em tarefas técnicas acima da média, assim como habilidades sociais podem ser o diferencial para o deficiente visual. Assim, promover uma diversidade inclusiva na empresa ou equipe, transforma a todos positivamente, trazendo um desempenho inexoravelmente superior.
A Lei 8213/91 já tem 28 anos e estipula cotas para empresas fazendo este movimento de inclusão na sua força de trabalho com PCD’s numa proporção entre 2% e 5% das vagas, a depender do tamanho da empresa. Infelizmente, no Brasil poucas empresas percebem a importância estratégica que pode trazer a inclusão de PCD’s em seus quadros, tendo como política apenas atender a lei. Porém, podemos mencionar algumas exceções no mercado brasileiro como a Natura, IBM, Serasa e Grupo Pão de Açúcar, por exemplo. O Grupo Pão de Açúcar tem uma meta de empregar até 8 mil PCD’s em 2020. A Serasa, através da Rede Empresarial de Inclusão Social, promove boas práticas de promoção e inclusão entre as empresas associadas. A Natura promove cursos de libras para funcionários para que eles se tornem padrinhos de profissionais deficientes auditivos que são contratados na empresa. A IBM tem um programa de mentoria reversa entre PCD’s e executivos, um programa de storytelling de desafios e oportunidades que estas pessoas tiveram em suas vidas pessoais e profissionais, impactando diretamente a cultura da empresa. São exemplos positivos da inciativa privada. Mas como é o comportamento de nossos governantes?
Nossos representantes políticos tem o hábito de aprovar leis e achar que cumpriram sua missão. Reflexo disto, o cidadão também acha que cumpre sua parte pagando impostos. Por isso, nossos políticos tem um papel fundamental de serem exemplos. Não é o suficiente que se cumpra a lei, mas se deve ir além e dar sentido, superá-la porque é correto, construtivo e transforma nossa sociedade através de cidadãos orgulhosos de onde vivem e mais conscientes de seu papel na comunidade.
Então, aqui vai um desafio aos próximos Prefeitos de nosso país: quando for equacionar as vagas comissionadas, tenha um olhar para a diversidade de nosso povo, seja raça, gênero e, sem dúvida, incluindo PCD’s. E quanto aos Vereadores que tem seus assessores, segue um desafio também: que cada um tenha pelo menos uma vaga direcionada a PCD’s em seus quadros.
Afinal, nosso país nasceu baseado na diversidade, sendo esta uma das características mais marcantes de nosso povo; existem impactos claros e inequívocos nas empresas que fazem a inclusão de PCD’s de forma estratégica, não apenas devido ao cumprimento da lei; portanto, é de se esperar que tenham uma contribuição cívica que possam se orgulhar; assim como também são profissionais mais comprometidos, pois valorizam as oportunidades que se apresentam.
Que nossos representantes façam a diferença já no primeiro dia do ano mostrando que se importam e que entendem que sua cidade deve ser para seus cidadãos em toda a sua diversidade.
Escrito por Marcos Schwartz
Como Diretor Geral no Impact Hub, é responsável pelo planejamento estratégico e gestão financeira da unidade de Curitiba. Entusiasta da Economia Colaborativa, está em eterna busca de ser um agente de mudança da sociedade. Busca por meio da rede se conectar e inspirar mais pessoas para colaborarem com a comunidade de impacto.
Conecte-se com ele, aqui.