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19 de outubro de 2016O psicólogo organizacional Adam Grant tem estudado o comportamento das pessoas criativas, que sonham com um novo mundo a partir de ideias e as colocam em prática. Grant os chama de os Originais: “são inconformistas. Pessoas que não só têm novas ideias, mas que agem para defendê-las. Eles se destacam e se manifestam, levando criatividade e mudanças para o mundo. São as pessoas em quem você quer apostar”, explica o psicólogo. Mas como reconhecer os Originais e até se tornar um deles?
Estão atrasados para a festa
Um estudo recente realizado por Adam Grant demonstrou que os procrastinadores são também os que entregam os resultados mais criativos. “Vocês todos devem estar familiarizados com a mente de um procrastinador. As ideias mais originais surgem quando eles estão procrastinando. Este estudo que realizei mostrou que tanto procrastinar muito, quanto adiantar tudo são prejudiciais à criatividade. Os procrastinadores médios se mostraram 16% mais criativos do que os outros dois grupos”, conta Grant. Ele também explica que, durante a procrastinação e com a tarefa dada já no fundo da mente, tem início um processo de incubação de ideias. A procrastinação dá tempo para considerar ideias divergentes, pensar de forma não linear e chegar a conclusões inesperadas. O roteirista Aaron Sorkin tem uma ótima frase sobre isso: “O que você chama de procrastinar, eu chamo de pensar”.
Gênios que procrastinavam
Muitos grandes originais na história eram procrastinadores. Leonardo da Vinci, por exemplo, trabalhou duro por 16 anos na Monalisa e se sentiu um fracasso, conforme escreveu em seu diário. Mais tarde, porém, ele desenvolveu novas técnicas de ótica, aprimorando sua relação com a luz. Isso fez com que ele pintasse a Monalisa como conhecemos hoje.
Martin Luther King, na véspera de a “Marcha sobre Washington”, seu maior discurso, ficou acordado até depois das três da manhã, reescrevendo-o. Sentado na plateia, esperando sua vez de subir ao palco, ele ainda rabiscava anotações e cortava frases. Depois de 11 minutos no palco, ele abandonou as anotações e proferiu as quatro palavras que mudaram o curso da história: Eu Tenho um Sonho. Isso não estava no script, mas ao adiar a tarefa de finalizar o discurso até o último minuto, Luther King ficou aberto à maior gama de ideias possível. E, como o texto não estava consolidado, ele teve liberdade para improvisar. “Procrastinar é um vício em se tratando de produtividade, mas pode ser uma virtude para a criatividade”, defende Adam.
Aprimorar é melhor do que ser pioneiro
O que vemos em muitos dos grandes Originais é que eles começam logo, mas demoram para terminar. Um bom exemplo é a empresa Warby Parker. Seus criadores poderiam ter sido pioneiros nas vendas de óculos pela Internet, mas escolheram utilizar aquele tempo para entender como fazer as pessoas se sentirem seguras comprando óculos pela Internet. Por isso, esperaram seis meses para lançar o site. Como resultado, foram reconhecidos como a empresa mais inovadora do mundo, avaliada em mais de US$ 1 bilhão.
A vantagem de ser o pioneiro em grande parte é um mito. Um estudo clássico, com mais de 50 categorias de produtos, comparou os pioneiros que criaram o mercado com os aprimoradores, que introduziram algo diferente e melhor. O que se vê é que os pioneiros tiveram uma taxa de fracasso de 47%, comparada com apenas 8% dos aprimoradores. “Vejam o Facebook, esperando para criar uma rede social depois do MySpace e Friendster. Olhe para o Google, esperando anos depois do Altavista e Yahoo. É mais fácil aprimorar a ideia de alguém do que criar algo novo do zero”, conta Grant. “Para ser original você não precisa ser o primeiro. Você só precisa ser diferente e melhor”, complementa.
Originais são cheios de dúvidas e receios
Na superfície, muitas pessoas originais parecem confiantes, mas têm dúvidas e medos como qualquer outra pessoa. Elas apenas administram isso de forma diferente.
“Há dois tipos de dúvidas: dúvidas sobre si mesmo e dúvidas sobre a ideia. A dúvida sobre si mesmo é paralisante, mas duvidar das ideias é energizante. Isso nos motiva a testar, experimentar, refinar, exatamente como Martin Luther King fez”, detalha o psicólogo organizacional. Então, ao invés de se sentir um fracasso quando não atinge uma grande ideia, o mais coerente é pensar que apenas ainda não chegou lá.
Mas como você chega lá?
Adam Grant explica o que diferencia os Originais das outras pessoas: eles têm mais medo de não tentar do que de fracassar. “Os Originais sabem que podem fracassar quando pensam em abrir um negócio, mas não abri-lo também seria um fracasso. Eles sabem que, no fim, os maiores arrependimentos não são pelo que fizemos, mas pelo que deixamos de fazer. O que gostaríamos de fazer, se analisarmos bem, são as chances não aproveitadas”, defende.
Muitas pessoas, quando têm uma ótima ideia, não se dão nem ao trabalho de tentar colocá-la em prática. Para elas, Grant tem algo a dizer: “a boa notícia é que ninguém será julgado pelas ideias ruins. Se perguntarmos às pessoas sobre suas melhores ideias, 85% delas fica em silêncio ao invés de falar. Elas têm medo de passar vergonha, de parecerem estúpidas”, conta ele. Mas adivinhem: os originais têm muitas ideias ruins. Toneladas delas na verdade.
Ninguém se lembra de Thomas Edison ter criado essas horripilantes bonecas falantes que assustavam as crianças e seus pais:
Todos se lembram dele como inventor da lâmpada. Exatamente porque o fracasso não importa. Os maiores originais são aqueles que mais fracassaram, pois são os que mais tentam.
“Ser original não é fácil, mas não tenho dúvidas quanto a isso: é o melhor jeito de melhorar o mundo ao nosso redor”, conclui Adam Grant.
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