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30 de abril de 2019Vamos finalizar a nossa temporada “Esperança e Vida” com um tema datado para abril, mês que ocorre o Dia Mundial para Conscientização do Autismo. Mais que “ouvir falar” precisamos de fato vivenciar esse universo.
Ir ao cinema, passear no parque e sair para comer. Essas são as principais diversões dos irmãos Pâmela e Lincoln. Até aí, tudo “normal”, você deve pensar. A informação a mais aqui é que os irmãos convivem com o autismo na rotina deles. E continua tudo “normal” para eles. O único motivo para esse “normal” entre aspas é exclusivamente para chamar a nossa atenção: pois anormal mesmo temos poucos lugares públicos sem acessibilidade e a reação das pessoas – a maioria delas, infelizmente – ser negativamente diante das características da pessoa com autismo. Mas a solução só depende de uma coisa: mais consciência entre todos nós.
Assim como Pamela Cordeiro, a influenciadora digital e embaixadora da ONG AAMPARA, Carol Abreu também tem um irmão com autismo e compartilha opiniões similares. “No começo, ele tinha muitas crises, puxava o cabelo, mordia a mão, gritava. Muitas pessoas olhavam com pena ou reprovação, saiam de perto, tiravam os filhos do local, mesmo ele nunca tendo feito mal para ninguém. Os autistas não tem maldade. São incapazes de fazer mal. Mas até hoje, mesmo com as crises controladas, muitas pessoas saem de perto, ou não gostam quando levamos ele ao banheiro junto (ele atualmente é um homem, tem 24 anos, mas precisa de ajuda para ir ao banheiro), ou quando ele grita”, lembra Carol.
Pamela ressalta que levar o irmão a um lugar público requer sim um cuidado e atenção, mas é algo possível e necessário, basta terem ambientes adaptados e pessoas conscientes que ajudem a deixar a atmosfera agradável e acolhedora. Um dos exemplos é a sessão de cinema adaptada realizada no shopping Jardim das Américas. “Ele se sentir bem, leve, tranquilo nos lugares que não são apenas do dia a dia dele, como escola e a nossa casa, é muito gratificante. Para uma pessoa autista, estar independente e se sentir tranquilo num lugar com muita gente ou num lugar que não faz parte no seu dia a dia é um prazer imenso, e é uma alegria grande eu ver que ele está avançando nisso”, destaca Pamela.
Autismo não é doença
“O meu irmão não tem nenhuma doença, o que ele tem é uma síndrome, um transtorno e ele não faz mal para ninguém”, destaca Pamela Cordeiro. Descrita como “espectro autista” por englobar situações diferentes umas das outras e com uma variação de graus, a síndrome tem como características principais a dificuldade na comunicação e a realização de comportamentos repetitivos. Contudo, o autismo se apresenta de formas variadas e individualizadas em cada pessoa e até mesmo conforme a fase em que o autista pode estar.
Com isso, há uma imprevisibilidade sobre o comportamento da pessoa com autismo. Carol Abreu reforça que a falta de conhecimento sobre o assunto faz muitas pessoas acharem que a pessoa com autismo é mimada e mal-educada. “Já ouvi relatos de muitas mães que sofrem com isto e já passei por muitas situações constrangedoras também. Porque aparentemente eles são pessoas ‘comuns’, na aparência não há nada diferente. Mas eles enxergam o mundo e tem comportamentos diferentes dos padronizados pela sociedade, o que muitas vezes causa julgamento, desprezo e até humilhações, que fazem muitas famílias ficarem constrangidas, deixarem de sair de casa, ou seja, afeta a liberdade de toda a família, inclusive”, explica ela.
É por isso que a conscientização é essencial para que haja empatia com a pessoa autista e seus familiares. Há, de fato, um progresso na divulgação do tema via campanhas, mas tanto Pamela quanto Carol consideram que a caminhada só está começando e ainda falta muito a ser melhorado. “Vejo algumas campanhas, mas ainda está muito longe do ideal. Eu vejo que seria muito efetivo tanto a Prefeitura quanto o Estado, assim como as empresas, investirem em ações de inclusão, dar mais espaço para a pessoa com autismo, ainda é raro grandes empresas contratarem. Precisamos olhar isso com mais atenção”, destaca Pamela Cordeiro.
Para Carol, o ponto fundamental é mesmo a conscientização e respeito ao próximo. “As pessoas não precisam ter medo dos autistas, pelo contrário, eles são pessoas puras e extremamente sinceras. Tudo o que vem deles é verdadeiro. As pessoas com autismo também não são padronizadas. Algumas sim são extremamente inteligentes e desenvolvem aptidões muito acima da média. Já outras não. Não precisa rotular, não precisa padronizar. Seria só respeitar e quem se permitir conhecê-los verá que são pessoas incríveis”, diz.
Um amor puro, um amor livre
O apresentador e empresário Marcos Mion tem sido um dos símbolos da campanha junto ao seu filho Romeo. Muito além de buscar aceitação e conscientização, ele e sua família compartilham os aprendizados e alegrias da convivência, em especial, a valorização das coisas simples da vida observadas com afinco por Romeo. Uma das experiências até se tornou o livro “A escova de dente azul”, com um relato de um presente de Natal pedido por Romeo aos pais.
Em um artigo a Revista Crescer, Mion compartilha a alegria em ter a oportunidade de conviver com Romeo.
“Considero uma chance única que meu filho me deu de me tornar um ser humano melhor ao acompanhá-lo num patamar elevado de valores, sentimentos e entendimento do que são as coisas que valem a pena nesta vida.” – Marcos Mion
Veja o artigo completo aqui.
Também em um artigo, Pamela Cordeiro fala do amor ao irmão e do sonho de que ele se sinta livre onde estiver como é o direito de qualquer pessoa. “Ele representa para mim um símbolo de um guerreiro, de uma pessoa que tem muita vontade de viver, muita alegria. Ele é uma inspiração”, ressalta. Confira o artigo completo aqui.
Para Carol, respeito e acessibilidade correspondem à liberdade para pessoa com autismo e isso, para ela, significa não ter que impor o tempo todo o direito deles estarem lá, de terem fila preferencial, entre outras condições. “Eu sinceramente amo estar com autistas. Tudo o que vem deles é puro, é sincero. Conviver com o meu irmão e demais pessoas autistas me fez ter uma visão de mundo totalmente diferente agora. Sou realmente uma pessoa melhor por causa dele”, finaliza.
Hoje, mais de 2 milhões de famílias tem pessoas diagnosticadas com autismo somente no Brasil. O número corresponde a quase a população total Curitiba e, por isso, é essencial aguçar a nossa sensibilidade, afinal, todos nós gostamos de conviver em harmonia, pois só assim teremos um mundo melhor e cheio de esperança.
Mas você deve estar de perguntando, e além do afeto e convivência com a família, como é possível inserir essas pessoas no mercado de trabalho? Bem, esse é um assunto que vamos tratar em um outro artigo totalmente exclusivo pra a inclusão no meio profissional. Fique atento em nossas redes sociais e se inscreva em nossa Newsletter.
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